segunda-feira, agosto 03, 2009

Drummond, o amor e eu













Eu não sou o Drummond...








Gosto do poeta, mas discordamos muito...




Drummond (ou sua personagem poética) diz isso sobre o amor:









"[...]No momento em que não me dizes:
Eu te amo, inexoravelmente sei que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.
Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo, verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor."




Carlos Drummond de Andrade, "Quero".








Ele está certo?


Está!


Mas também posso ouvir "eu te amo euteamoamoamoamo", posso ler e reler "eu te amo", posso mesmo até saber que é verdade o "eu te amo", posso sentir a certeza do "eu te amo" que está longe...
Ainda assim "eu te amo" precisa de boca e lábios e língua...

"Eu te amo" no espaço, na memória, na escrita, no ontem, no daqui dois dias, no antes , no logo mais... "Eu te amo" fora do momento presente, não-já e não agora mesmo...



Esse "eu te amo" também não é amor...



É só espera...





______________




E tem outra coisa (a minha maior discordância com o poeta!):


É que, algumas vezes, talvez eu não queira "Eu te amo"... ainda que continue querendo amor...
Quero os silêncios visíveis do amor...




E não a distância amorosa de palavras.
...

7 comentários:

Gil disse...

Também sinto assim. Só dizer que ama vale até menos, quase sempre. Não que não seja bom ouvir isso. Mas ler nos olhos da pessoa amada é tão mais reconfortante. Com certeza, algum poeta já disse que ver no olhar do outro o amor é melhor do que ouvi-lo sussurrar "eu-te-amos" infinitos.

Sol disse...

É atribuída a Machado de Assis a seguinte frase: "A melhor definição do amor não vale um beijo de moça namorada"..

Taí, preciso dizer mais sobre o assunto? rs.

camila disse...

ai, sol. quer me deixar chorando, é? q bonito... tantas vezes o amor virou apenas palavra, estampando um passado, um amor que acabou, né?

amor assim... de verdade e na pele. mesmo sem a palavra...

há quanto tempo não divido um...

ai, ai.

a sua sensibilidade me assombra...

amo vc, minha flor.

e pra não ser só na palavra... vamos nos ver no sábado, né?

todos os beijos do mundo.

Unknown disse...

pouco amor também é amor.

Sol disse...

Desculpe, estrangeira, mas discordo.

Pouco amor não pode ser amor, pois amor é sempre muito, sempre exagerado, sempre mais que demais...

Panthro disse...

A pior coisa do amor é que só você sente. O outro pode dizer, pode mandar flores, pode te tratar como uma princesa, mas vc nunca vai saber o que ele realmente sente. Vc só sabe o que você sente. Por isso todo amor é platônico. E totalmente solitário.

J.F. de Souza disse...

Eu não acredito no amor medido. Não há medida.
Não é pouco nem muito. É bruto, inteiro. Não se fraciona o amor.
E não vejo amor como um sentimento. Amor é um estado, uma situação: ou você ama, ou não. Não se sente o amor.
No máximo, se acredita no amor do outro.
Mas se sabe bem do seu.
E, com isso, acreditar no amor do outro pode bastar.
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Pra compensar o tempo sem aparecer. =)


=*