Eu não sou o Drummond...
Gosto do poeta, mas discordamos muito...
Drummond (ou sua personagem poética) diz isso sobre o amor:
"[...]No momento em que não me dizes:
Eu te amo, inexoravelmente sei que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.
Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo, verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor."
Carlos Drummond de Andrade, "Quero".
Ele está certo?
Está!
Mas também posso ouvir "eu te amo euteamoamoamoamo", posso ler e reler "eu te amo", posso mesmo até saber que é verdade o "eu te amo", posso sentir a certeza do "eu te amo" que está longe...
Ainda assim "eu te amo" precisa de boca e lábios e língua...
"Eu te amo" no espaço, na memória, na escrita, no ontem, no daqui dois dias, no antes , no logo mais... "Eu te amo" fora do momento presente, não-já e não agora mesmo...
Esse "eu te amo" também não é amor...
É só espera...
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E tem outra coisa (a minha maior discordância com o poeta!):
É que, algumas vezes, talvez eu não queira "Eu te amo"... ainda que continue querendo amor...
Quero os silêncios visíveis do amor...
E não a distância amorosa de palavras.
...